sexta-feira, 5 de junho de 2009

Do passado com Amor

-Então como correu a noite de ontem? Vá, conta-me estou em pulgas.

Olho para a Maria por cima do rebordo do copo de chá gelado que estou a beberricar, e fico satisfeita ao ver a sua ansiedade a crescer á medida que aumento suspense para lhe contar como foi a minha noite anterior.

A minha melhor amiga, energética que só ela, fazia-me a vida negra com tanta energia que tinha dentro de si, e ao mesmo tempo espevitava-me, ninguém era capaz de ficar indiferente aos estímulos do convívio com uma pessoa assim.
Estava parada á minha frente com os olhos arregalados, qual criança á espera de um doce, quase sentia o seu coração a sair pela boca de tanta euforia.
-Queres mesmo ouvir, tens a certeza de que não te vais aborrecer?
-Daqui a pouco aborreço-me é contigo se não abrires a matraca e desembuchares logo tudo.
Soltei uma gargalhada, era inevitável.
-Está bem, eu conto tudo, pormenorizadamente.
-Espero bem que o faças rapariguinha…
-Aqui vai. Ontem como sabes recebi uma chamada “dele”. Fiquei muito surpresa, nem sabia o que dizer, receber uma chamada de alguém que á tanto tempo eu ando a tentar chamar a atenção, e que simplesmente não me dava importância, era mesmo uma surpresa, e uma oportunidade única, uma verdadeira preciosidade.
- O que é que queres dizer com isso?
- Já vais perceber, calma.

Perguntei friamente o que queria, não queria dar o meu lado fraco, depois de tantas tentativas frustradas, era só o que faltava eu ceder ao primeiro telefonema que me fizesse. A resposta não se fez demorar.
- Desculpa não queria estar a incomodar!
- Não incomodas, apenas estou surpresa com o teu telefonema.
- Eu sei. Não penses que as coisas me passam assim tão despercebidas.
- Desculpa acho que não estou a entender?
- Eu gostaria de te explicar tudo Cristina, mas será que nos podíamos encontrar?
- Encontrar?
- Sim, desculpa sei que não será a melhor hora, mas precisava de falar com alguém e só me lembrei de ti.
A proposta e o argumento deixaram-me tonta, como é que alguém como ele, sempre rodeado de amigos, só se lembraria de mim para desabafar. Algo não batia certo, mas a curiosidade faz muita coisa, e só o facto de também ter a oportunidade de lhe dizer umas quantas, também me fez aceitar o convite. Via ali uma oportunidade única de me vingar de todas as humilhações que me fez passar, aquele pretensioso sempre de nariz empinado, iria finalmente saber o que penso de gente que simplesmente ignora a existência de outras pessoas e sentimentos, era o orgulho de uma mulher ferida a falar mais alto.
Claro que não era eu quem iria sair de casa para se encontrar com o menino, preferia combater no meu território, e decidi a minha casa seria esse campo de batalha, e assim foi.
Desliguei o telefone, e fui vestir algo mais decente, e como estava calor apenas coloquei um vestido de algodão branco e apanhei o cabelo, estava muito quente, nem sequer me preocupei com o meu aspecto, ele já não me interessava, por isso, para quê arranjar-me.
Enquanto esperava pelo belo príncipe, fui até á varanda, a brisa estava tão agradável que não resisti e fiquei ali pendurada a receber aquele brinde fresco, nisto ouvi um carro a parar, era ele.
Saiu do carro e antes de tocar á campainha olhou para cima, como se estive a meditar se tocava ou não, ao ver-me não teve alternativa, entrei e abri-lhe a porta.
Bateu quando chegou, e eu muito séria abri a porta.
- Boa noite!
- Olá boa noite, como estás?
- Bem.
O diálogo estava um pouco seco, penso que nenhum dos dois sabia como agir. Eu porque estava magoada, ele porque pretendia justificar-se sem saber como.
Decidi quebrar aquele gelo, o ar estava a ficar pesado, e pedi-lhe que entrasse.
Não pude deixar de sentir o aroma fresco e leve que se fazia sentir no ar, aposto que era o seu perfume, agradável com certeza.
- Entra e acomoda-te na sala, vou buscar um chá-gelado para nós, está muito calor.
Mal olhei para ele na verdade, não me queria sentir fraca, e ao tratá-lo daquela forma, só mostrava que era uma mulher segura de mim e que o tinha ultrapassado. Fui buscar o chá, e servi em silêncio um copo de chá fresco de framboesa para cada um, antes que trocasse-mos qualquer palavra, dei um gole enorme no meu, estava demasiado quente e a situação não ajudava, senti-me melhor com aquele liquido fresco a percorrer a minha garganta, respirei fundo e depois encarei-o, penso pela sua expressão que não estava á espera de tal confronto.
- Então que fazes por aqui, achei o teu telefonema muito estranho.
- Não poderias pensar outra coisa de mim depois de tudo, não é mesmo.
- Que bom, lês pensamentos, assim não preciso de me dar ao trabalho de te explicar tudo.
- Ironia!
- Não!!!! Achas mesmo porque haveria de ser? Afinal de contas sempre me desprezas-te, e de repente lembras-te de que existo e ligas-me a meio da noite porque precisas de falar com alguém, um tanto ao quanto estranho, já que tens imensos amigos e eu nunca passei de uma conhecida, que por acaso sempre tiveste o n.º de telefone na tua lista telefónica, mas nunca mandas-te sequer uma mensagem de feliz natal.
Mas uma pessoa como tu, deve no mínimo achar este comportamento normal… – não me conseguia calar, só me apetecia deitar cá para fora tudo o que tinha guardado durante aquele tempo todo.
De todas as vezes que lhe telefonei e não me atendia ou dizia que estava ocupado, ou das festas em que nos encontrava-mos e ignorava-me, nem olhava para mim, cheguei a achar que o problema era meu, como pude.
- Espera, antes de continuares a despejar toda a raiva que sentes de mim, e eu entendo que te sintas assim deixa-me explicar.
- Explicar hã! – Fiquei a olhar para a cara dele por uns minutos, a apensar se lhe daria uma oportunidade.
Lembrar-me de que ele nunca ma deu revoltava-me, mas se não a desse a ele essa oportunidade, estaria a ser como ele, e isso não queria de certeza.
- Vou dar te uma oportunidade. A primeira e a ultima, e espero que sejas pelo menos muito convincente.
- Não preciso ser convincente, preciso é de falar a verdade.
A falar assim até parecia um menino sério e cheio de boas intenções.
- Eu sei que á muito tempo tentas chamar a minha atenção, acredita que não ta dei por maldade ou por me achar bom demais longe disso…
- Ninguém diria!
- Desculpa deixa-me continuar. Tu nunca me foste indiferente, muito pelo contrário, sempre te achei uma das pessoas mais atraentes que conheci. Mas fui obrigado a afastar-me de ti cada vês que estava-mos no mesmo sítio.
Nem queria acreditar no que estava a ouvir, estava definitivamente á espera de outros argumentos, mas nunca daquilo. Engoli em seco e resolvi não fazer nenhum comentário, deixei-o falar.
- Quando nos conhecemos o ano passado, eu estava noivo, a relação não estava a correr pelo melhor mas de qualquer das formas, eu e ela decidimos tentar mais uma vês e casar foi uma opção. Naquela festa em que te vi pela primeira vês, fui lá com os meus amigos porque estava chateado com ela, e não me apetecia estar sequer em casa, por isso fui. Chamaste-me a atenção imediatamente, e quando te aproximas-te de mim para te apresentares eu confesso que até fiquei nervoso, mas tive de me conter, afinal tinha alguém em casa á minha espera, e não seria correcto só porque nos tínhamos chateado, eu sair e arranjar uma companhia assim. Aceitei o teu numero de telefone, mas nunca fiz uso dele nem atendia os telefonemas porque queria ter a certeza de que já não amava a minha companheira na altura, ter uma aventura até podia confundir-me mais ainda, e até poderia tomar a decisão errada.
- Por isso é que temos o livre arbítrio, para tomarmos decisões e fazer escolhas, um telefonema podia ter feito muita coisa na tua indecisão, mas claro escolheste o caminho mais fácil que foi, não me dizeres nada, não atenderes as minhas chamadas e continuar a aparecer nos mesmo lugares que eu…sabes o quanto isso me magoou? Porque o fizeste?
- Não conseguia tirar o teu rosto e o teu perfume da minha cabeça, e queria ver-te nem que fosse como foi. Mas não me podia aproximar mais, iria fazer uma loucura de certeza.
Não sei se fiquei contente, aliviada ou com mais raiva ainda. Depois de tanto tempo só agora é que teve coragem de me dizer o porquê do seu comportamento.
Realmente o ser humano tem formas estranhas de reagir ás situações, mas não queria censurar, não queria esse papel para mim, sou humana também e sei lá os erros que posso cometer amanhã, mas que temos maneiras de pensar diferentes temos.
Deixei que continuasse o seu discurso de homem apaixonado e arrependido.

-Depois de algumas meses nesta agonia, e muitas brigas, resolvi tomar uma decisão, e acabei tudo com ela.
- e agora vens ter comigo porquê?
É claro que sabia a resposta mas queria ouvir da boca dele, bebeu um gole de chá, e encarou-me.
-porque quero-te!
Ficou a olhar para mim sem pestanejar, queria ver uma reacção minha. É claro que aquilo mexeu comigo, mas não sei se foi assim tanto. Um sorriso saiu da minha boca assim como as palavras que se seguem.

- Um ano e meio…muitos telefonemas e mensagens á espera de resposta, olhares que eram desprezados fosse onde fosse… e agora queres-me? Nem sei o que te dizer, aliás até sei, agora não sei se sou eu quem te quer.

Os olhos dele perderam o brilho completamente, não era a resposta que estava á espera de certo.
- Estás surpreendido? Não estejas, põe te no meu lugar por um segundo. – a minha vós era calma e serena, sabia perfeitamente o que queria lhe dizer.
- É difícil não é? Ouvir assim uma resposta destas quando as expectativas ou esperanças são altas. Pois mais difícil foi para mim não ouvir nada da tua boca, a indiferença magoa ainda mais, mas fortalece também, e é isso que vou tirar partido do que nos aconteceu.
Não sei quem tu és, nem o que pretendes com esta atitude egoísta, nem sei se quero saber, o que sei é que não quero ter algo com uma pessoa que toma atitudes a pensar só em si, porque foi o que fizeste, alguma vês pensas-te em mim ou na tua “noiva”, no que sentíamos, eu enquanto a pessoa que te deu o n.º e aceitas-te mesmo estando noivo, mas nunca disseste nada, e ela porque lhe deste esperança de serem um casal feliz, mesmo sem gostar dela e prolongaste a vossa agonia, isso não se faz…podias ao menos ter-me contado na altura eu teria percebido, e talvez esperado, mas assim não.

-Espera tu fizeste isso????
- Sim!
- Então estás á imenso tempo á espera de um telefonema dele, e quando finalmente acontece, tomas essa decisão.
- Parece que não ouviste nada do que disse…
- Ouvi sim amiga, e compreendo, mas pensei que estivesses apaixonada por ele, e que perdoasses essa atitude, aliás ele explicou-se e tudo!
- Eu sei, mas podia tê-lo feito naquela altura, eu fiquei muito ferida, não sabes o quanto me custou, mas teve de ser.
- E como ficou a conversa?

- Devias de ter visto a cara dele, olha parecia a tua agora. – Risos.
- Vá para com isso e conta.
- Como estava a dizer. A cara dele fechou-se, ficou inexpressivo, nem me conseguia encarar. Deu mais um gole no chá e olhou para mim outra vês.

- Vejo que pedir desculpa não vai bastar?
- Não.
- Tens toda a razão, fui egoísta, e isso não te posso tirar. Mas fica sabendo que não vou desistir de ti.
Desta eu não estava é espera…
- Bom ao menos és persistente, o que pensas que podes fazer para me conquistar?
A minha pergunta era um desafio, queria saber se era só palavreado de quem me queria levar para a cama, se assim o fosse diria que me ia cobrir de mimos, jantares, flores e caixas ridículas de bombons em forma de coração, e ai, ele e as caixas de bombons ia pela janela fora, ou se de alguém que gostava de mim e apenas tomou a atitude errada e queria emendar-se do erro que tinha cometido, tudo iria depender da resposta.

-Sou egoísta, e fui incorrecto, eu sei…mas ninguém me pode dizer que não posso lutar por ti e mostrar-te que posso ser diferente. Podes nem sequer olhar mais para a minha cara depois de tudo, mas que gosto de ti gosto e isso não me é indiferente de forma alguma, abdiquei do meu medo de ficar sozinho, deixei a minha vida segura ao lado de outra mulher que me dava tudo, incluindo o seu amor, e fugi para ti, sem nada…não sabia se ias querer ao menos falar comigo mas decidi arriscar, isto não foi egoísmo, foi paixão. Não nos conhece-mos assim tão bem, nem sei se pode resultar entre nós, mas mesmo assim, pus a insegurança de parte e vim até ti.
Não me interessa se achas os meus argumentos plausíveis o suficiente para me perdoares, nem me interessa, são estes que tenho e mais nenhuns, se os quiseres são teus, se não vou-me embora e nunca mais ouves falar de mim, sei que te magoei e isso não posso mudar, mas vou tentar apagar isso de dentro de ti. Ainda não sei como, mas deve de existir uma forma tenho a certeza.

Esta era a resposta que esperava, e a sinceridade nos olhos era evidente. Cometeu um erro, e feriu pessoas, assumiu e tomou uma decisão quanto a isso, que mais queria eu ouvir …é certo que o meu pé estaria sempre atrás, estas coisas não se esquecem só assim, e muitas vezes não se esquecem de todo, mas eu podia tentar. Ele feriu-me, mas não podia negar que mexia comigo, a ferida estava aberta, ele queria fechá-la e porque não deixar.
- Não estava á espera da tua resposta, confesso. – Disse eu. – Quando me telefonaste para cá vir, vi isso como uma oportunidade de te dizer tudo que estava preso na minha garganta, e foi mais ou menos o que fiz, visto palavrões estarem incluídos na primeira versão… - esta observação fez-nos rir aos dois. – Mas, a tua resposta salvou-te, e salvou o pouco que ainda sinto por ti.

- Então quer dizer que me vais dar uma oportunidade?
- Vou, mas não cries expectativas por favor, dá-me espaço, a minha cabeça precisa de assimilar tudo o que foi dito aqui.
- Vais ter o tempo que precisares.
- Obrigada.
- Então como fazemos?
- Vai para casa, já chega de emoções por hoje, amanhã falamos!
- Ok. Então vou-me embora. Telefonas-me?
- Liga-me tu…
- Está bem eu ligo.

Acompanhei-o até á porta, e fui sozinha para a cama, e acredita que á muito tempo não tive um sono tão descansado.

- Diz uma coisa á amiga, ele já telefonou?
- Hum hum. Logo no dia seguir pela manhã.
-Tu atendes-te.

Fiz um breve silêncio, o sorriso que transpareceu nos meus lábios fez a minha querida a miga ficar com os olhos arregalados e boca aberta á espera de uma resposta negativa, mas ficou surpreendida com a revelação que lhe fiz a seguir.

-Ligou sim, da cozinha para saber como é que gostava dos ovos, bem ou mal passados.
- Espera afinal foi embora ou não?
- Foi esta manhã.
Soltei uma gargalhada, a Maria estava sem palavras, e antes que começa-se a papaguear, disse que estava na hora de voltar ao trabalho dei-lhe um beijo na cara e sai a correr. Não tardou recebi uma mensagem dela a dizer, que tinha de lhe contar a melhor parte. Mas essa guardei só para mim.
Depois de acabar-mos a conversa, enchi de novo os copos com chá, a minha garganta estava seca e precisávamos de nos refrescar daquele calor, a temperatura dos nossos corpos tinha subido com o calor da conversa. Acho que bebi o liquido todo de seguida, e como sabia bem, involuntariamente e a pedido do meu corpo fui para a varanda para ver se ainda restava alguma brisa fresca como á que tinha passado meia hora antes, tive sorte, uma rajada suave envolve-me, soltei o cabelo e senti o vento a entrar pelas madeixas de cabelo, relaxei de deixei-me estar a saborear o momento.
Quando dei por isso ele estava ao meu lado a olhar.
- Desculpa tinha de vir apanhar ar, está muito calor lá dentro.
- Não faz mal, estás á vontade a casa é tua lembras-te? – Sorriu e eu sorri também.
È verdade estava na minha casa e estava á vontade, depois é que me lembrei que estava muito pouco arranjada, que ideia teria ele ficado de mim ao me ver assim, e agarrei o cabelo, a minha expressão e gesto devem de ter sido muito evidentes, porque comentou que estava bonita assim, com um vestido simples e cabelo solto, e, o que complementava a minha beleza, era o meu perfume, inesquecível.

Não sei se foram aquelas palavras, o ambiente, ou simplesmente a vontade de o fazer á muito tempo, aproximei-me dele muito devagar, olhei para aqueles olhos castanhos, brilhantes e perfeitos, passei a mão pelos lábios dele e beijei-o, queria ver o que causava em mim, estava com receio de ter tomado uma decisão por capricho e necessidade de vingança, mas enganei-me redondamente. A boca dele estava fresca e doce do chá, beijava tão suavemente e calmamente, que parecia que o tempo tinha parado por aquele beijo. Quando parei de o beijar, mantive os olhos fechados e deixei a cabeça descair para trás, o vento continuava a soprar, entrava pelos cabelos soltos movendo-os ao seu sabor e capricho.
Colocou as mãos nas minhas costas agarrando-me com medo que caísse, e fiquei a saborear o beijo que demos por momentos, e, o ar que me refrescava nos braços dele.
Sentia perfeitamente o seu olhar em mim, podia dizer exactamente os pontos para onde passava os olhos.
Primeiro olhou para os meus cabelos castanhos soltos ao vento, admirou as formas onduladas que sobressaiam ainda mais com aquela dança, depois os olhos, que adquiriam inocência ao se manterem fechados, e me davam um ar desprotegido, depois a boca que o beijara sem avisar e que o deixou sedento por mais, sorriam discretamente para ele, pois eu sabia a seguir a forma e elegância do meu pescoço e colo, respirava calam e serena e isso endoidecia-o, os botões entreabertos do vestido e a sua transparência evidenciavam os meus seios arrepiados pela corrente de ar fresca. Sentia-o, sentia-o a olhar terna e ardentemente para mim, era demasiado penetrante e intenso para me passar despercebido.
Tudo o que aquele homem imaginou em mim durante aquele tempo estava ali, a dar-lhe uma segunda oportunidade, e a entregar-se de uma vês por todas, aquele beijo era o sinal.

Abri os olhos, olhei para ele, não tinha duvidas, estava rendido, não se tratava de poder, mas sim de conquista e submissão, e ele estava submetido á minha vontade.




Uma vontade que nas minhas duvidas obsoletas, não sabia se queria usá-la ou não como arma de vingança, estava aos poucos a render-me também ao homem por quem á uma ano atrás entregaria tudo o que fosse meu, apenas para ser sua.

E a poesia do momento não me estava a ajudar em nada só me confundia ainda mais. Não podia negar a maneira como olhava para mim e me desejava, deixava-me tonta, era um querer e não querer que me martirizava. Um beijo podia não significar nada. Mas entregar-me era tudo.
Como não podia deixar-me levar naqueles braços fortes e reconfortantes, como não me entregar aos prazeres de uma paixão reacendida?

Colei o meu corpo ao dele apenas coberto pelo fino tecido de um vestido branco, senti cada poro do seu inalar o ar que me rodeava e embarquei, a maré estava alta e o capitão queria comandar o navio desgovernado que era eu.

Sobre marés atormentadas, o leme estava solto e sem dono, beijo após beijo queria cada vês mais estar perto do meu comandante, e como era bom sentir a tempestade apaziguar, abonança é maravilhosa.

Num ápice e envolvidos completamente nos braços um do outro, a phenix renasceu e acendeu a velha chama vinda do passado.

Não quis mais soltar os lábios dele dos meus, e um beijo doce perfumava o ar e embriagava-me, as mãos que agarravam cada centímetro de mim inundavam-me de pequenos e demorados prazeres carnais, pecados e desejos escondidos fundidos e despertos das cinzas.

Entrámos e fomos para o meu quarto, sem grafonola a tocar ouvia uma canção que me embalava naquele sonho doce.

Deitados em lençóis brancos despimos que havia para despir, e na nudez encontrámos o nosso par, perfeito, encaixados e sem medo demos asas aos nossos desejos sem pudor.

As páginas escritas a seguir descrevem um rol de momentos cheios de prazer e amor. Movimentos ondulantes e intensos fazem libertar de duas bocas havidas de desejo, ais e suspiros profundos. Seios desnudos, peles que se tocam quentes, excitadas, as mãos entrelaçam-se.
O corpo de uma mulher que aceita ser possuída, e deixa que sobre si e dentro de si, o seu parceiro deposite toda a sua virilidade máscula, nem um centímetro dentro dela fica por preencher, completam-se na perfeição.

Não sei durante quanto tempo, os gemidos e palavras descontroladas saíram das nossas bocas, nem sei quantas vezes as estrelas se abateram sobre nós, conscientes ou inconscientes, mas certos do que queríamos, só sei que sobre o leito da minha cama, tive a melhor noite da minha vida, e que na mesma, esta manhã, encontrei os mesmos olhos que procurei e desejei á um ano atrás. Agora estavam ali, observando cada pedaço de mim. Agora sem culpas e sem medos, e certos do que queriam…

Hoje enquanto escrevo estas frases, já não sinto aquele sentimento de vingança, dei uma segunda oportunidade e sinto-me feliz com isso.
Decididamente as palavras não transpõem os sentimentos, e os gestos podem mudar muita coisa…

Ele veio, entregou-se, ficou vulnerável ao que sentia sem vergonhas e não desistiu.
Eu cresci, subi um patamar na minha história pessoal, mas não deixei que isso me torna-se arrogante e baixei a guarda quando foi necessário…o resto quem sabe, o hoje sabemos e vivemos nós, isso é viver.

Quando voltei a acordar já só naquela manhã, tinha um bilhete e uma margarida branca sobre o lençol amachucado. Começava com, “ Do passado com Amor” e não tinha fim apenas reticências…

Por:

Angélica Gomes

segunda-feira, 1 de junho de 2009

De Joelhos Maria.


Olá meus leitores assíduos!!!!
Tinha de partilhar este momento convosco, pois o que se passou deixou-me muito contente, estava aqui a menina a ver uma revista semanal que se dá pelo nome de vidas, e qual eu sou uma leitora assídua, (nada de criticas toda a gente gosta de fofocas), especialmente de uma rubrica que se chama De joelhos Maria, nada mais nada menos que uma rubrica que fala abertamente sobre sexualidade e dá algumas sugestões aos leitores. Há uns dias decidi enviar por e-mail um dos meus contos, e esperar pelo resultado, a resposta não se fez esperar e, responde-me com um e-mail muito lisonjeador, e que quem sabe um dia iria fazer menção ao meu blogue. Hora aqui a menina já ficou contente com uma resposta positiva e o incentivo para continuar a escrever(sim porque alguém me responde).
Mas eis se não quando, estava eu a passar os olhos na minha revista, quando vejo uma nota sobre o meu blogue, com direito a foto e tudo, gente não é uma coisa do outro mundo, mas é alguma coisa e eu fiquei para além de surpreendida, muito mas muito contente. E passo a citar toda babosa o pequeno mas importante para mi e o meu ego o texto escrito sobre o meu blog:
“ Ás vezes não é preciso mais. Imaginação e gosto pela escrita bastaram para levar uma leitora assídua e esticar ideias em sugestivos contos eróticos. São páginas e letras em versão on-line num blog de Angélica Gomes - descobrir com muito gosto”.
Afinal parece que até escrevo bem, e ser elogiada pela “Maria”, a quem eu admiro imenso, é melhor ainda…

Espero que gostem do blog, (mesmo não deixando qualquer comentário), sei que andam ai muitas visitas e apreciadores da minha escrita…

Amem muito e façam o favor de serem felizes.

Por: Angélica Gomes