sexta-feira, 29 de outubro de 2010


"A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a dor do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana.A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo,o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro.O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se,o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflecte. Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes de emoção, as que são o património de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre."

Vinicius de Moraes

Este compositor e poeta não tem saído da minha cabeça estes últimos dias, não me perguntem porquê.
Fui ao nosso estimado Google, fazer uma pesquisa mais aprofundada sobre o senhor, e abri logo o primeiro llink que me apareceu. Deparei-me com este pequeno poema.
Achei interessante, e quis coloca-lo aqui.
Penso que em poucas palavras este senhor amante de letras, transcreve e muito bem o ser humano dos nossos dias.
A sua reacção perante o sofrimento, o medo de mostrar a parte fraca mas mais pura que possui por achar ser uma fraqueza, as barreiras que são construídas e que bloqueiam qualquer tentativa de aproximação a um ser que lhe provoque uma sensibilidade ou emoções mais fortes.

“Medo” essa sim é a palavra mais correcta de se aplicar aqui. Não existem sequer eufemismos que possam contornar ou amenizar o “medo que se sente de se sentir mais vulnerável, mais amado, de ser o que somos e o que nascemos para ser HUMANOS.

Assim cada dia a solidão entra dentro das nossas vidas, e de quem nos rodeia por consequência, é isso que ganhamos se não nos queremos magoar, e esquecemo-nos que sofrer, chorar, ficar irritados, sorrir, cantar e gostar, faz parte da humanidade.

Sejam humanos.
Sempre que sentirem mal, tristes, olhem bem em volta, existe sempre alguém ou algo que nos faz sorrir…esse alguém não sente medo nem vive na solidão, se não, não estaria contigo, e quando te vê triste baixa a guarda e se for preciso chora contigo, mas também ri…
Esses são os humanos que temos de ser, para assegurar que toda esta solidão vai embora…

A Sinfonia do Amor!!!

Sim passou algum tempo depois do ultimo post aqui.
Como na vida de qualquer ser humano comum muitas coisas aconteceram, mas não vou falar delas agora, é demasiada coisa…pode ser que com o tempo vá actualizando essa parte, de momento não me apetece faze-lo.
Hoje deu-me vontade de escrever sobre uma coisa que me fez rir um dia destes logo pela manhã.
Como todas as manhãs de trabalho, o despertador tocou e eu ainda meio sonolenta levantei-me e fui para a casa de banho, esta fica relativamente perto do quarto dos meus pais.
De repente começo a ouvir ruídos, cada vês mais alto, e não resisti a sorrir ao que ouvi.
Cada um ressonava para o seu lado, quase em uníssono, e o estranho no meio desta sinfonia acústica, é que parecia que competiam entre gargantas desafinadas quem ressoava mais alto. Pode ser banal o que estou a contar, mas a piada vem depois, quando pergunto mis tarde como dormiram, e cada um responde para seu lado e defender a conduta de que não solta ruídos nocturnos pelos órgãos que deus lhes deu, ao ponto de incomodar terceiros.
- Ai filha não consegui dormir muito bem o teu pai ressonou a noite inteira…
E lá vem a contra-resposta.
- Eu!!! Tu é que estavas toda entupida, parecias um motor de um carro…
E lá vêm os blás e acusações do costume, mas a coisa piora quando digo no meio da discussão que roncaram os dois a noite inteira. Bom, deviam de ver os olhos esbugalhados a tentar desculpar com uma ligeira constipação o sucedido…
Eu prefiro chamar a estes e outro “ruídos” que oiço dos dois durante o dia de sinfonia do amor, entre eles existe cumplicidade, existem anos de lidação e de diferença que foi e continua a ser ultrapassada pela vontade dos dois de estarem juntos na vida que lhes foi reservada, a minha mãe tem sempre de dar a ultima palavra, e o meu pai gosta de estar em paz no mundo dele com as suas ideias…discussões, risos, ressonar, etc. tudo isso faz parte duma melódica sinfonia, com algumas partes desafinadas pelo meio mas que os dois sabem tocar na perfeição…isso torna-os especiais, são os maus pais, e muitas vezes fazem me rir logo pela manhã.

sábado, 27 de março de 2010

Despertar


Existem coisas que não conseguimos esquecer.
Apesar de relações frustradas, de revoltas sentimentais, que não gosta de acordar nos braços de uma pessoa especial num dia de sol, nos braços de um homem que nos faz sentir bem. É uma das melhores coisas do mundo entre tantas outras.
Após um inverno calmo e frio, o sol e o calor primaveris parecem finalmente mostrar a sua graça ainda que meio a medo, e, fazem despertar o libido e vontade de viver aventuras, tocando a nossa pele e iluminando os nossos olhos após longa hibernação e espera transitória.
Tudo agora apela a paixões, os cheiros, o calor, os dias mais longos acompanhados do por do sol á beira mar, e, convidam também ao acender das luzes da cidade num pico qualquer, onde o lusco-fusco e o incandescente brilho das luzes ainda pálido se misturam, confundindo e maravilhando os olhares curiosos de casais relaxados num banco de carro, observando a energia que paira no ar na noite já amena.
Este é o fim de um dia perfeito, que começa com corpos que acordam juntos e satisfeitos, perfumados com o doce aroma da paixão e da sensualidade, e finda com um brinde para os olhos, numa mistura de cores e luzes, quais auroras boreais incandescentes, que pairam no céu de primavera.

sábado, 20 de março de 2010

"Fazer o bem sem olhar a quem"

Ainda existem pessoas boas que nos fazem acreditar que Pai Natal existe e que Natal pode ser o Ano inteiro.
Hoje no trabalho, uma colega fez-me confidência, estava a passar necessidades básicas, e contou-me isto a chorar. Faltar comida em casa é o desespero de qualquer ser humano, ainda para mais quando o ordenado não é lá essas grandes coisa, apesar de vir certo ao menos isso, quando a idade não perdoa e muitas portas fecham-se e existem bocas para alimentar…esta é mais uma das situações que muitas pessoas estão a viver, e fazem de tudo para sobreviver e não deixar que falte pelo menos pão na mesa…
Eu não estou a passar a melhor fase económica, mas tenho ajuda e apoio, e esta senhora está completamente sozinha.
Pensei, “como posso ajudá-la?”.
Falei com um colega meu e pus mãos á obra e é incrível o que aconteceu.
Falámos com pessoas que conhece-mos e que sabíamos que podíamos contar com elas, cada uma vai dar aquilo que pode, 1€ ou um bem alimentar, isto depois de explicar o que se estava a passar, e a corrente começou a crescer…houve quem deixa-se bem mais que um euro e até fiquei emocionada, “ confesso que no meu caso não é difícil”.
Amanhã vou às compras e vou recolher o que quem com a sua boa vontade vai dar a esta senhora que agora precisa, “fazer o bem sem olhar a quem” é a palavra de ordem, e no meio disto tudo houve quem me surpreendesse pela positiva.
Ela basta dizer que quando soube não teve palavras, só lágrimas e um engasgar confuso e compreensível. Espero que a vida dela mude e que esta fase passe, e que acima de tudo pessoas que são capazes de se unir e ajudar sem pensar duas vezes, continuem a existir pelo mundo fora.

Abençoados.

Indignada

Indignada parece-me neste caso a palavra certa, nem mais nem menos…
Á dias atrás como de costume abri o jornal de noticias para ver o que se passava pelo pais e pelo mundo, estar actualizada é um ponto assente. Deparei com uma notícia assim como tantas outras que lemos e ouvimos no nosso dia á dia, que nos revoltam, mas esta chamou-me a atenção, e talvez a de 99,9% doa portugueses, que apertão o cinto de tal maneira que a fivela vinca-nos as carnes faz ferida e nem dinheiro para o betadine existe.
Ora vejamos se me consigo expressar…
“Estado aprova corte nos bónus dos gestores da Ren em 2010”
Este é o título, e quem leu a noticia deve saber do que falo. Mas quando lemos o artigo completo a coisa piora. Estes senhores, foram penalizados nos seus prémios anuais mas apenas em 50%. Estes prémios equivalem a 12 salários. Ora quando li esta parte pensei ingenuamente, “fogo doze salários mínimos nacionais de uma assentada só é muita massa!!!! É injusto”, mas a coisa não era bem assim. Para além de terem sido apenas penalizados em 50% do prémio, ou seja recebem apenas seis meses de salário, esse salário não seria o mínimo nacional mas sim o que os senhores recebem mensalmente, ou seja 27 mil euros mensais, agora façam as contas!!!!
Esta penalização deve-se ao facto de “alguns” destes senhores estarem envolvidos no caso “ Face Oculta”.
Ora, se este é o castigo que recebem por estarem a ser referenciados em casos como este, nem quero saber se não o fossem e deixei de fazer as contas, é ridículo que com a crise que o pais está atravessar ai tenhamos de ler e reles noticias como esta. Como podem senhores como estes estarem a ganhar fortunas e a ter regalias absurdas, ainda ganharem prémios sórdidos. E ajudar quem precisa duvido que seja com eles, pois veja-se quem chegou á frente para ajudar quem mais precisou na Madeira no Haiti, etc, foi o povo, que apesar de ter pouco não se importa de partilhar esse pouco com quem tem ainda menos, não é justo mas funciona assim…
A culpa disto é de quem permite que isto aconteça, e quem são essas pessoas??? Teria uma lista infindável…
Reticências, neste caso é o máximo que posso fazer, revolta e as palavras que querem saltar para o teclado acreditem são menos simpáticas das que aqui escrevi, mas acho que fiz valer a minha opinião.






terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Fugir.

Pedi abrigo pedi conforto.
Não pedi promessas nem juramentos.
Pedi que a meu lado ficasse a protecção,
E fugiu-me entre as mãos.
A areia passa por elas como água,
Molha mas não fica retida.
Deixa marca mas não se detém e escorre livre pelos dedos.
O toque embora suave e enternecedor,
É passageiro como a chuva e o vento.
E afasta-se delicadamente sem me acordar.
Mas estou só e isso não muda nada…
Toca e foge.
Tem medo.
Não reconhece, apenas avalia o que desconhece.
E sem dar chance alguma, fere sem necessidade,
Sem dar escolha…
A luta foi travada com desespero.
A incompreensão toma-me de assalto,
Frustra qualquer sentimento guardado,
Pronto a entregar em tréguas.
Mas morrem se o abrigo lhes falta,
Escondem no frio silêncio da noite,
Lágrimas amargas, caladas,
Que se sujeitam a um orgulho ferido,
E não revelam a ninguém o que lhes vai na alma.
És tu quem te ordena,
Mas sou eu quem ama.
Foge mas não toques,
Se não queres ter culpa do que me fere.
Sem tocar eu não sinto,
Sem sentir não quero mais e desisto.
É um limiar ténue,
Mas foi sempre assim entre comuns mortais que somos.
É como provar o veneno mas não beber.
Nunca saberás o seu verdadeiro resultado,
E mesmo desafiando a morte,
A tentação ronda.
Então deixa-me.
Liberta-me do que prometes e não dás.
Ás vezes a falta de uma resposta,
Vale as mil palavras magoadas que nunca te direi.


sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Páginas


Entre muitas coisas que são escritas,
Entre páginas e páginas lidas
Não existe muito que se possa dizer.
Não existe muito para ler.
Mas escrevo por ser para ti.
Se tudo fizesse sentido,
Se eu tivesse sentido de alguma forma
Que tudo está dito,
Que tudo está escrito,
Não escreveria com certeza.
Essa certeza que é a única que tenho agora,
Que nutro sentimentos contrarios
Ao que a razão me dita.
Difíceis de explicar,
Mas não impossível.
Se o vento te tocar sou eu.
Se a chuva te molhar sou eu,
Não procures abrigo, o que procuras está em mim.
Senhora do meu destino,
Perco o pouco tino que resta quando se trata de ti,
Nem chuva nem vento,
Nem o sobejo doce do mel,
Afastam da memória que lateja,
Os momentos enternecedores
De uma paixão.
Platónica, mas sem deixar de ser paixão,
No mais puro sentido da palavra escrita.
São estas as palavras,
São estas as minhas, as nossas páginas.


terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Fascinio


O fascínio nasce…
Como mil palavras confusas,
Descrever é difícil.
Descoordenadas e incoerentes
Estas palavras não conseguem decifrar o código
E misturam-se sem piedade
Se a verdade esta escondida por detrás de um simples folha de papel
É cruel pensar que basta virar uma página,
E tu estás lá.
Não é uma imagem nítida,
São apenas letras que formam palavras descritivas
Que ilustram o ser que me fascina.
Pegar numa caneta e escrever aquilo que vejo nos teus olhos,
É ainda mais aterrador.
Não posso…
Torna-se quase impossível.
Tento em vão chegar ao fundo azul
Rasgado numa face lânguida,
E mergulho.
Caio sem forças para nadar na tua maré
É demasiado forte…
Fico-me pelo Fascínio dos teus olhos
Porque o amor está nos meus
Que procuram sem cessar entre páginas vazias,
Letras, palavras e expressões,
Que me falem de ti.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

A minha mensagem para 2010.

Quando um ano chega ao fim, começam as expectativas de que o que entra seja melhor.
Na noite de passagem de ano, todos os ritos tradicionais entram em acção especialmente os pedidos formulados e para que não falte nenhum, á listas que são feitas e pensadas ao pormenor.
Eu não fiz lista…
Limito-me a olhar para trás e pensar no que ai ficou. Quero apenas despedir-me de momentos desagradáveis e lembrar-me para sempre dos especiais e bonitos.
Confesso que os últimos á parte, não foram muitos, foi um ano de batalhas a todos os níveis, de aprendizagem.
E começam os encarreiramentos e numerações dos mesmos, e mágoas, e tristeza e desilusão…para quê pensar nisso agora????
Dizer que os esquecer e que o vou fazer seria hipócrita e radicalista, e acima de tudo algo impossível…o que quero fazer então???
Não sei!!!
Não é nada que eu possa guardar dentro de uma caixa de recordações e quando a saudade ou reflexo de um acontecimento semelhante, me faça abri-la e reler memórias muitas vezes ingratas e desajustadas.
Vou manter tudo isso de forma muito discreta dentro de mim. vou apaziguar o meu coração e faze-lo compreender que passou, não está esquecido, mas passou…
Vou levantar a cabeça e olhar em frente, pois ai está o caminho de todas as coisas, e não atrás, regredir não faz parte de mim mesmo que ás vezes com as voltas que a vida dá assim o pareça.
O que quero não sei, só sei aquilo que não quero. E não quero voltar de maneira nenhuma a passar por algumas amarguras, ver pessoas de que gosto a passar por elas também, é difícil não acontecer, mas vamos tentar…
Descobri que tenho forças mas também tenho fraquezas para combater, e nada, mas nada do que conseguimos é certo, pode voar com o vento, só a manutenção desses bens adquiridos ajudará a mantê-los perto de nós.
Vou tratar dessa manutenção, a armadura desgastou-se um bocado, precisa de lustro. Onde vou buscar os materiais para a manter a brilhar ainda não sei, mas quando o trabalho é árduo e feito com muito amor e dedicação uma coisa é certa, a armadura brilha e dura mais tempo que qualquer ponte ou torre de vigia rendidas é velhice e abandono, pela conformação.
Eu simplesmente não me conformo, e essa negação será a minha maior defesa.
A todos os que gosto e são importantes na minha vida, aos que poderão vir a ser um dia, e, aos que ficaram para trás mas estão a lutar, um ano cheio de coisas boas e de batalhas vitoriosas.

Um abraço cheio de luz.
Sejam felizes.