terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Fugir.

Pedi abrigo pedi conforto.
Não pedi promessas nem juramentos.
Pedi que a meu lado ficasse a protecção,
E fugiu-me entre as mãos.
A areia passa por elas como água,
Molha mas não fica retida.
Deixa marca mas não se detém e escorre livre pelos dedos.
O toque embora suave e enternecedor,
É passageiro como a chuva e o vento.
E afasta-se delicadamente sem me acordar.
Mas estou só e isso não muda nada…
Toca e foge.
Tem medo.
Não reconhece, apenas avalia o que desconhece.
E sem dar chance alguma, fere sem necessidade,
Sem dar escolha…
A luta foi travada com desespero.
A incompreensão toma-me de assalto,
Frustra qualquer sentimento guardado,
Pronto a entregar em tréguas.
Mas morrem se o abrigo lhes falta,
Escondem no frio silêncio da noite,
Lágrimas amargas, caladas,
Que se sujeitam a um orgulho ferido,
E não revelam a ninguém o que lhes vai na alma.
És tu quem te ordena,
Mas sou eu quem ama.
Foge mas não toques,
Se não queres ter culpa do que me fere.
Sem tocar eu não sinto,
Sem sentir não quero mais e desisto.
É um limiar ténue,
Mas foi sempre assim entre comuns mortais que somos.
É como provar o veneno mas não beber.
Nunca saberás o seu verdadeiro resultado,
E mesmo desafiando a morte,
A tentação ronda.
Então deixa-me.
Liberta-me do que prometes e não dás.
Ás vezes a falta de uma resposta,
Vale as mil palavras magoadas que nunca te direi.