terça-feira, 29 de novembro de 2011

O manto.

O seu manto longo e vermelho como o sangue, rastejava pelo chão enquanto caminhava descalça pelos corredores do castelo.



Pobre princesa prestes a perder o seu reino.


A cabeça estava desprovida de pensamentos, parecia que apenas uma maré turbulenta assolava a, deixando que as lágrimas lavassem o seu rosto ruborizado pelo frio da noite.


Chegou finalmente a uma janela aberta, apertou as mãos de encontro ao para peito e gritou. Parecia um uivo desesperado no breu da noite como uma loba solitária.


Despiu o roupão e ficou a olhar o céu estrelado, nua, pois mais nua se sentia na alma, comparado com isso que seria o nu do seu corpo frágil…


Num desespero olha para a lua, as lágrimas continuam a rolar sem dó, e pergunta com a voz rouca e já frágil pela agonia do dia, se a dor que sente passará, se o ar que lhe falta voltará, se alegria dos seus olhos surgirá de novo um dia.


Sentia-se abandonada e só, numa casa onde apenas habitavam velhos espíritos e memórias, onde as portas com o passar do tempo rangiam e as janelas teimavam em não abrir. As forças faltavam-lhe e com o passar do tempo também a vontade de lutar.


Que seria dela, que seria do seu corpo quente outrora, e frio no presente.


A resposta não surgiu. Calou o seu grito.


Como vinda do nada, uma brisa suave e quente correu-lhe pela pele, sentiu calor de novo e sentiu-se aconchegada.


Afinal ainda á calor lá fora.


Fechou os olhos e deixou-se envolver por aquela brisa. Passava por cada centímetro de si, e saia suavemente pelas madeixas do seu cabelo.


Um perfume adocicado a flores invadiu o ar, inspirou, e quase via sob as pálpebras as cores das flores que libertavam o doce odor, rosas, lírios, amores-perfeitos, um jardim, afinal á vida.


Sem que se apercebesse, um sorriso surgiu, e as imagens de coisas boas passaram pela sua memória. Memórias de momentos quentes e doces que havia esquecido. Memórias de alegrias que estavam guardadas no mais seguro dos cofres, dentro de si.


Abriu os olhos, e olhou a lua cheia á sua frente, brilhava com todo o seu esplendor e grandiosidade. Era sábia e iluminada, detentora de um brilho cativante, senhora de si e do sua prata flutuante no céu, que por mais escuro que fosse não a impedia de brilhar, era lutadora, a lua, e era só uma.


“ Se tu podes brilhar assim


Eu também posso


Se tu podes lutar com a tua armadura de prata


Eu também posso


Não te importa se estás só ai no céu


És tu e lutas por não seres mais ninguém


Eu também posso lutar


O manto que vestirei amanhã será prata


E brilharei aos olho dos meus inimigos


Que ficaram cegos como descrentes de mim que o são


A minha verdade e o meu eu permaneceram


Como aquela que te viu


Que te sentiu


Que te admirou


E como tu lutou


E saiu na noite escura


Para voltar a brilhar”


Voltou para os seus aposentos e deixou ali caído o seu manto. Que ficou no chão, tal como sangue perdido quando se trava uma batalha.


A batalha foi ganha, a marca de sangue fica no chão como símbolo. E com o tempo torna-se uma lenda e uma inspiração, para quem contínua a travar batalhas.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Lembra te de mim.

Lembra te de mim



Dos meus olhos da minha boca


Lembra te das minhas palavras


Do meu cheiro da minha pele


Lembra te do meu riso


Do meu sorriso quando olhava para ti


Lembra te de mim


De tudo o que signifiquei


De tudo o que disse


De tudo o que fiz


Lembra te do que sou


Lembra te do que fui


Porque hoje não passo disso mesmo para ti


De palavras que disse


De olhares e sorrisos que dei


De gestos que fiz


De beijos que te dei


Somente uma lembrança


Mas lembra te sempre de mim.

domingo, 6 de novembro de 2011

A verdade.

A vida dá muitas voltas.



A verdade pode fazer a mais culposa pessoa do mundo dormir o mais profundo dos sonos se for leal e verdadeira com os outros.


Que é feito dessa lealdade nos dias de hoje?


Parece uma pergunta retórica, mas todos a fazemos, e todos os dias.


É engraçado como nos dias de hoje as pessoas tornaram se demasiado narcisistas e egocêntricas.


Olhar para o próprio umbigo tornou-se uma meta sem consequências a medir. Usar e ferir sentimentos, (isto para quem sabe o que isso é), não deixa de por em causa os objectivos de seres inconformados numa sociedade que dia após dia se torna primitiva, na medida em que olhar para o vizinho do lado pode se tornar uma ameaça já que é preciso gastar preciosa saliva só para dizer um bom dia, coisa que faz parte das regras básicas da boa educação.


Agora imaginem como estão a funcionar as relações pessoais!!


E é aqui que a porca troce o rabo.


Deixa-se de dar valor ao que ínfimos e escassos seres de outra estirpe que acreditam em valores. Estou a falar de verdade, estou a falar de dizer as coisas como elas são, de lealdade para com os outros.


Deus deu-nos o dom da palavra para que nos pudéssemos expressar, se assim não fosse, seriamos todos animais irracionais a lutar entre por um naco de carne, qual savana.


E a savana a seu devido lugar que estamos a falar de humanos, não de bichos.


Se ninguém me disser que gosta de mim eu não vou saber, se ninguém me disser porque deixou de falar eu não vou nunca saber o porquê, e começa a reinar a dúvida e a incerteza, e isso acaba com qualquer pessoa, corrói como se fosse a ferrugem de um carro, que lenta e silenciosamente acaba com a viatura.


Essa falta de verdade põe em causa a nossa pessoa, a nossa capacidade de compreensão, e deita abaixo qualquer pilar. Começam as insónias, as perdas de capacidade de concentração, a desvalorização porque ficamos sempre a pensar que o erro é nosso, ou que fizemos algo errado.


Mas não funciona assim.


As pessoas apenas começam e acabam as coisas sem dar explicação. Abrem portas a sentimentos profundos, dizem as coisas em momentos de êxtase, e esquecem se que a embriagues pode acabar.


E acaba, e depois o que fazer com o resto, as coisas confundem-se, entram em queda livre, e não sabem como sair dessa montanha que foi crescendo e ganhando proporções.


A montanha tapa lhe a visão, fica turva e quer sair da li o mais rápido possível e pela descida mais rápida. E é ai que se perde no meio de tudo aquilo que defendia e achava que acreditava. Fecha a porta, fecha a janela. Guarda para si mesmo os motivos porque acha que assim é mais fácil para todos, mas não pergunta a esse todos, se é mais fácil.


Põe uma tranca na porta e volta costas.


Mas corrói passado algum tempo, e aflige perceber que tudo se afasta, que se perde a olhos vistos algo que podia ter sido precioso na sua vida. E a verdade ainda esta por detrás das costas, a ganhar volume e peso. Os atingidos sentem-se enganados e revoltados, não entendem, querem uma explicação, a que lhes é devida.


E é quando as costas pesam mais do que nunca, que a razão finalmente abriu uma brecha.


O peso que se carrega nas costas, e das coisas mais aflitivas que um ser humano pode carregar. Não se respira, não se vê com clareza, o arrependimento aflige, o que fazer?


Conta-se a verdade antes que seja tarde de mais…á coisas que ainda se podem salvar, mais que não seja a paz dentro da pessoa.


O mal e finalmente purgado, as palavras mágicas são ditas, podem ate ser as mais duras de ouvir mas são a verdade, são que deveria ter sido dito do principio. A mágoa pela indiferença ainda perdura, mas são feridas que vão sarar.


Um acto egoísta, pode deitar abaixo e mover uma pessoa a pensamentos que não correspondem a realidade, causando dor, um vazio por falta de critério alheio.


Digam o que sentem, temos boca e vocabulário suficiente para nos fazer mos entender, não é vergonha nenhuma admitir que se errou, a partir do momento em que se assume e se justifica, vergonha é deixar coisas a meio, esconder a verdade, e deixar os outros a deriva sem saber por onde remar.


Dormir descansado, é algo tão precioso como um diamante.


Dizer a verdade, saber a verdade, no fundo é como encontrar paz.


Encontrem a vossa sempre que possível, e façam o favor de serem felizes…

Encontrarmo-nos a nós mesmos…

Encontrarmo-nos a nós mesmos…







Encontrar o nosso eu e nossa essência como seres humanos e participantes nesta vida, sempre foi a luta de muitos filósofos poetas e escritores.


Afinal o que é esta procura? O que faz as pessoas largarem coisas, deixarem pessoas para trás e irem em busca daquilo que desconhecem sobre si?


Todos os dias eu me pergunto a mim mesma o que faço aqui, neste planeta, neste mundo, as vezes parece que o fazemos não tem a importância ou valor que merecemos, parece que nada a um certo ponto da nossa vida faz sentido.


Mas do recôndito subconsciente da minha mente a resposta aparece diante dos meus olhos e nas coisas simples do dia a dia.


Eu acordo todas as manhãs, abro os olhos e olho em volta, antes de tomar qualquer decisão espreguiço-me e deixo para trás toda a preguiça que a cama nos suscita, a muito para fazer.


Dizer bom dia á família, tomar um banho e fazer festas aos animais de estimação.


Olho á volta do meu pequeno mundo que é o meu quarto e vejo a mesa onde crio as bijutarias. Pedras, missangas e peças soltas de metal pedem para serem transformadas em objectos que vão adornar orelhas pescoços e bustos de pessoas que apreciam o meu trabalho e destreza de manuseio desses mesmos objectos. Isso faz me feliz e motiva-me.


Uma mensagem para uma amiga, que e respondida, e a cumplicidade que se manifesta libertam sorrisos nos meus lábios. Saber que estão lá faz-me feliz.


Visto uma roupa confortável e saio para a aula de dança, mexo o corpo e aperfeiçoo-o a cada dia uma das mais belas artes do mundo, danço porque gosto, danço porque me faz feliz.


Vou tomar um café com amigas, conversar, sorrir a quem passa e dizer um olá a um conhecido, faz me bem.


Viver o dia a dia, estar com quem gosto, fazer alguém feliz com simples gestos, nem que seja com um sorriso ou bom dia bem disposto, isso sou eu. Ajudar quem precisa, dar uma moeda a um mendigo, isso sou eu.


Ver um cão na rua que me sorri com os olhos e fazer uma festa, isso sou eu.


Amar quem eu tiver de amar, não gostar de quem eu não tiver de gostar, trabalhar o que tiver de trabalhar, dizer o que tiver de dizer, todas estas coisas sou eu.


São gestos meus, são decisões minhas, são criações minhas, tudo isto numa mão aberta, fazem parte de mim, simplesmente fazem parte do que eu sou, identificam-me.


Saber que as pessoas que me rodeiam gostam e querem estar comigo pelo que sou e não por outro motivo, faz me feliz.






Isto sou eu, não e mais ninguém.


Então que preciso encontrar mais se tudo a minha volta me diz quem eu sou?


Cada atitude, cada gesto, diz nos quem nós somos. Estamos naquele lugar e em mais lado nenhum e é assim que deve de ser, para quê procurar o que esta mesmo aqui.






O eu, e mais nada…






Isto que escrevo sou eu, e mais ninguém.


Eu não me procuro, porque estive sempre aqui.






Sejam felizes.

sábado, 5 de novembro de 2011

Ok


Actualizações e mais actualizações…nem sei por onde começar.






Após algum tempo de ausência, por motivos de força “menor”, decidi voltar a dar o meu contributo a este meu estimado blog…apesar de ter sido abandonado apenas por breves meses adoro-o.






A vida de qualquer ser humano esta repleta de historias do dia a dia que dariam para preencher páginas e páginas de qualquer livro,( coisa que intento ainda um dia fazer é escrever um), as minhas peripécias não deixam de ficar atrás qualquer um dos comuns mortais, isto sem desvalorizar a vida, o tormento e as dores de cada um, mas vejamos as minhas dores são as minhas dores, e não posso deixar de senti-las…


Em meses passou muita agua neste rio, posso muito bem por começar pelo trabalho, ai que porra, pensamos sempre que á pessoas que até nos ajudam e arranjam um trabalho fixe, ate começar-mos a carregar caixas de 10kg nas costas enquanto os homens da casa são os favoritos da chefe e nunca fazem nada de errado( ou não fazem nada mesmo), mas mesmo assim esforçamo-nos para manter a paz num ambiente onde a injustiça reina, e a vontade e capricho de um ser e a lei do mais forte e poderoso, contra a vontade de trabalhar e mostrar o que se vale a traves do esforço, ( se calhar sou do sexo errado). Lixam-nos e a transferência e inevitável, antes que uma bomba rebente. E sigo para frente. Outra cidade, outras pessoas…meses depois de me habituar e sentir alguma afinidade, saio daquela casa, e vou para outra, sinto me bem na nova também, mas acaba…estou de novo a percorrer os passos a procura de uma nova oportunidade assim como a maioria das pessoas neste pais, conformo-me que estou desempregada, mas não baixo os braços, afinal e só mais uma batalha a vencer.


No meio disto, encontro pessoas de quem passo a gostar, algumas valem mais a pena do que outras, mas todas têm a sua importância.


As amizades mantêm se e ate aparecem umas novas e com grande potencial. São elas que me mantêm sã, num mundo que parece febril na doença que se aproxima e espalha o terror, tirando algumas capacidades humanas a uns e dando a outros, e lei da vida e da sobrevivência, funciona assim mesmo.


Dei de mim a pessoas que um dia vou achar que so me ajudaram, mas que hoje só me fazem sentir uma mágoa e um peso no coração que gente, dá dó ver, mas a água tudo lava, e as lágrimas que choramos hoje é só a lavagem de alma e limpeza que precisamos. Neste momento estou a lavar a minha da maneira mais profunda, e palavras para quê!!!


Um dia conto isto tudo ao pormenor, hoje só me apeteceu desabafar por alto…


Agora vou viver o hoje e esperar que o amanhã me traga coisas novas, e, que a vida me passe a saber muito melhor…


Vivam e sejam felizes…

Aprendizagem.

A aprendizagem e um processo.



A quem realmente esteja disposto a aprender, e contrarie muitas vezes as suas próprias convicções e detrimento de conhecimento, e, isso muitas vezes leva a batalhas internas, não fácil mudar um modo de vida, ou algo em que acredita, e preciso ter “estômago” para ouvir contradições, para absorver toda uma montanha de informação nova.


E o que fazer com essas informações, cabe a cada um. Elas são como um livro, ou lemos e absorvemos, ou lemos e achamos que não é nada de importante ou relevante, fechamos o livro e arquivamos na prateleira.


Eu prefiro ler e absorver cada palavra, mesmo que ache na altura que não me faz sentido, prefiro que a prateleira continue a ganhar pó, mas porque esta vazia por falta de apatia, a vontade de ir mais alem no conhecimento torna-se mais forte e a luta começa.


Os eu´s, os se´s e os porquês, têm a porta aberta e a busca começa, por respostas…


E como ter a mão cheia de areia e não querer deixar que um grão caia ao chão sem primeiro ter contado a sua historia, é ouvir com atenção cada som cada palavra e deixar que entre no meus ouvidos tudo aquilo que desconheço e passo a saber a ser conhecedora.


Aceito o papel de aluna nesta aprendizagem, como uma criança que entra no seu primeiro ano escolar e esta eufórica para saber como se faz uma conta como se escreve o próprio nome, o seu nome a sua identificação e o fundo o seu próprio eu…mostrar que se sabe escrever o nome, que se sabe quem é e o que quer, e também ensinar, e passar a palavra a quem quer aprender a quem não tem medo de arriscar e recebe sem pudor o que o mundo no seu mais sábio saber, nos oferece a cada dia.


Todos podemos ser conhecedores, de uma realidade que nos afecta de variadas formas e nos tenta despertar, quando o relógio dá a hora do alerta temos de estar atentos, um tic tac , e acordamos para o que esta a nossa volta e para o que alguém trabalhou e lutou para nos deixar como herança. O conhecimento e a herança mais rica que nos poderão deixar algum dia, é luz e vida.


Abracem e guardem tudo o que vos ensinarem, seja de bom ou de mau, no dia e na altura certa vai fazer todo o sentido apesar de haverem lágrimas e verão que nada será em vão…não deixem que a apatia e a inércia tome conta de vos, temos muito para dar e muito para receber, só depende de cada um…escutem, leiam, absorvam e acima de tudo vivam, com lealdade…

Os Pilares na nossa vida;

Existem pilares, pessoas que sustentam quem somos; o que fazemos e a quem nós sabemos que nos dão o devido valor e suporte, quando tudo o resto parece falhar... A vida nem sempre nos sorri, e existem pedras na nossa calçada que se soltam, e tropeçamos.



A queda e aparada por quem caminha ao nosso lado, e, sem medo de cair, mas com forca suficiente para nos ajudar a levantar, estende o braço, e agarra a nossa mão no momento certo…


As estradas, caminhos e calcadas, são escolhas nossas, e não estamos já mais, livres de escorregar, pois são escolhas que ditam o nosso futuro, e também o termino de qualquer etapa, e quase como um jogo, apanhamos os bónus, perdemos algumas vidas, mas a escalada e feita, e o topo da montanha, após lágrimas, suor e sangue, a bandeira e erguida.


Estes pilares, não questionam, não julgam, não põem em causa, e mesmo em silêncio, os gestos são sinceros e verdadeiros. São as palmas das mãos que me afagam, são os olhares cúmplices que dizem” Eu estou aqui” e me fazem sentir que não estou só, são as palavras de conforto e os abraços sem interesse que me aquecem a alma, que quase, quase ficou fria…são pessoas sabias que nos ensinam com as suas rugas perfeitas feitas pela intempérie da vida, que soltam palavras que despertam aquilo que devo de saber, e outras coisas que me havia esquecido…


Aos pilares da minha vida, obrigada…simplesmente obrigada.


Espero que muito mais gente neste mundo encontre pilares assim, pois já são raros, são como pedras preciosas, cheias de carácter, valor e nobreza.


Gostava que o “mundo” deixa-se de olhar para o próprio umbigo, e voltasse a descobrir a verdadeira essência destas três palavras.


Esta noite vamos beber, e brindar a isso…


Adoro-vos miúdas…