segunda-feira, 25 de maio de 2009

Posso conhecer-te?


Posso conhecer-te?

Esta era a pergunta que muitas vezes apetecia-me que saísse da minha boca, mas era demasiado tímida para proferir fosse o que fosse a um homem qualquer que acha-se interessante.
De cabeça baixa e pensamentos distantes seguia na minha rotina diária matinal, desci as escadas do prédio onde vivo e fui direita ao café, pedi o do costume, paguei e sentei-me na esplanada a beberricar o meu café com leite e a penicar um queque de chocolate. Em cima da mesa estava um jornal, meio antigo devia de ter umas duas semanas, de qualquer das formas decidi abrir e ver o que se tinha “passado”, quem sabe até se me tivesse passado alguma notícia importante.
Abri ao acaso, e por consequência, numa página de conselhos, tipo “Maria”, “Era só o que me faltava”, balbuciei, ler aquelas perguntas incomodava-me um pouco, como é que as pessoas podiam expor assim as coisas mais intimas das suas vidas, não podiam dirigir-se a um médico ou coisa assim para esclarecer qualquer duvida que tivessem!!!
Mas no cantinho do lado esquerdo do jornal estava outra rubrica que eu achava ridícula, aquela em que pessoas solitárias procuravam desesperadamente companhia.
Mas parei um pouco para pensar, “e eu?”, tinha 25 anos e nunca tinha tido um relacionamento sério, apenas as curtes de verão na puberdade, nada mais do que isso, o complexo e a timidez foram tomando conta da minha vida, e fechei-me completamente para o mundo e para uma relação.
Decidi dar uma vista de olhos e ver o que andava por ali, gente solitária como eu, ou depravados á procura de mais uma vítima para alimentar os seus mais básicos instintos.
Frases como, “procuro” e “solitário”, era o que mais se encontrava por ali, mas houve uma que me chamou a atenção, “Posso conhecer-te?”, era uma pergunta e não chamamento desesperado, pareceu-me sugestivo e sedutor. A pessoas em questão intitulava-se como um “senhor de meia idade, bem parecido e bem de vida, procura senhora para convívio e amizade”, o numero de telefone estava mesmo abaixo.
Despertou-me a curiosidade, e era difícil alguém me provocar tal coisa, mas gostava de saber quem era o senhor que perguntava se o queria conhecer, aquela pergunta mexia comigo.
Sem dar nas vistas, rasguei o bocado de papel onde estava o anúncio e guardei no bolso das calças, acabei o café o queque e fui para casa.
Fiquei a olhar para o papel em cima da mesa da cozinha e com o telefone ao lado, mas em que estaria eu a pensar quando o trouxe, e se fosse um tarado, acontece muito, e quem sou eu para ligar fosse a quem fosse, nem tinha coragem de andar de cabeça erguida na rua. num impulso e farta de pensar tanto, marquei o numero e fiquei á espera que alguém atende-se, tocou, tocou e nada, esmoreci e desliguei a chamada.
Mais uma vez a frustração tomou conta de mim, fui tomar banho e despachar-me para o trabalho.
Quando já ia a sair o telefone tocou, ainda hesitei mas voltei a trás para ver quem era.
- Estou?
- Estou sim bom dia, com quem falo?
- Com a Marta porquê?
- Desculpe marta mas eu tinha uma chamada não atendida deste numero…
De repente lembrei-me do anuncio, era ele. Fiquei sem palavras, não estava á espera que me liga-se de volta, e agora que ia dizer, que estava a ligar por causa do anuncio? Não, não, ia parecer uma mulher desesperada, tinha de inventar algo rápido…
- Peço imensa desculpa, mas tem a certeza de era este número, é que esta manhã tentei foi falar com a minha irmã.
- Então deve de ter sido isso, se calhar marcou mal o numero!
- Sim, sim deve de ter sido isso mesmo, mas já agora com quem falo?
- Flávio, o meu nome é Flávio.
Gostava do tom da sua voz calma e simpática, nem acreditava que estava a fazer uma coisa daquelas, nem parecia meu, mas decidi que já que tinha começado porque não ir até ao fim.
- Flávio, peço desculpa pelo engano.
- Não faz mal Marta, mesmo sendo nesta situação, foi um prazer falar consigo.
Não o podia deixar desligar o telefone aquela era a minha oportunidade…
-Espere não desligue.
-Desculpe!!!
-Posso conhecer-te?
A pergunta saiu-me, quando dei conta já era tarde demais.
- Como disse? Quer conhecer-me?
- Peço desculpa, eu não queria ser tão directa, mas gostei da sua voz e, maneira de falar que me deu vontade de o conhecer.
Por breves momentos não se ouviu nada do outro lado da linha, pensei que tinha cometido a minha gafe final, antes de entrar para a velhice completamente frustrada e só.
- Podemos tomar um copo se quiser, e ai conhecia a face por detrás da voz que tanto a agradou. Que me diz?
- Pode ser. Que tal hoje ao fim da tarde na praça?
- Combinado.
Pronto estava marcado e sem volta, agora só tinha de arcar com as consequências. Não me estava a reconhecer nas minhas atitudes, parecia estar a ver um filme de conquista barata, mas mesmo assim estava entusiasmada com toda a situação, e não podia deixar uma oportunidade de mostrar que também sei viver pequenas emoções como toda a gente.
A cada hora que passava a minha impaciência ia aumentado, o encontro com o senhor misterioso, o qual eu conhecia o nome e a voz mas não o rosto, estava mais próximo de acontecer. Mas esqueci-me de um pormenor, como o iria reconhecer e ele a mim…não tínhamos combinado nada. Mas não me importei muito, se não visse ninguém interessante virava costas e ia embora, não teria de fazer fretes a ninguém.
Chegou a hora de sair, fui até á casa de banho e arranjei-me o melhor que pude, um pouco de perfume e um batom singelo deviam de ser o suficiente, fechei a porta e fui até á praça.
Cheguei lá, e aquilo estava cheio de gente que vai até as esplanadas depois do trabalho tomar um café, não ia ser fácil encontrar uma pessoa que nem sequer conhecia o rosto.
De repente ouvi uma vós atrás de mim a sussurrar.
- queres conhecer-me?
Estremeci, não estava á espera de ouvir aquela vós atrás de mim, muito menos a perguntar aquilo, virei-me para ver a sua cara finalmente.
Olhei para ele com um ar interrogativo.
- Flávio?
- Sim sou eu Marta. Como é que soube que era eu? Eu nunca disse como vinha vestida sequer.
- Não precisava. Todas as pessoas que aqui estão vieram acompanhadas, você foi a única que veio sozinha, e para além disso, olhou em volta para ver se encontrava alguém.
- Obvio não é?
- Muito.
Sorriu para mim, confesso que foi reconfortante, e para além disso não era nada do que eu imaginava, pensava ser um homem de meia idade mas com boa aparência. Era um rapaz pouco mais velho do que eu, não era muito bonito mas tinha um rosto bem feito e simpático, loiro de olhos castanhos, alto e bem constituído, as calças casuais e a camisa verde davam-lhe um ar descontraído e simpático. Decidimos ir tomar um copo a uma esplanada um pouco mais calma e reservada do que as outras existentes na praça. Era impressionante o seu cavalheirismo e simpatia, fui relaxando e deixando transparecer um pouco mais de mim.
- Então Marta, trabalha numa loja de artigos para a construção como assistente comercial, é bonita solteira e independente, e prevejo que não existem pretendentes?
- Não, não existe ninguém, se assim o fosse provavelmente não estaria aqui.
- Acha que não mesmo?
- Sim, porque haveria de procurar estar com outra pessoa, principalmente quando não a conheço, já tendo alguém na minha vida?
- Por diversas razões, e posso apresentar algumas. Falta de amor, atenção ou até pela emoção e excitação de estar com outra pessoa que não o seu companheiro.
- Como pode isso acontecer, é ridículo!!!
- você não teve muitas relações pois não?
A pergunta fez-me corar, realmente que estava eu a defender se não tinha um namorado desde mil novecentos e troca o passo, que sabia eu de relacionamentos…olhei para ele envergonhada, não sabia o que dizer não queria demonstrar a minha ingenuidade, mas de que forma não o fazer. Decidi que não ia mentir e assumir a minha inexperiência.
- Não Flávio, infelizmente não. Tenho 25 anos, sou solteira, independente e bem sucedida profissionalmente, mas em contrapartida sou muito tímida e complexada, não gosto da minha aparência, e isso com o passar dos anos afastou-me de qualquer pretensão de arranjar um namorado. O meu ideal de relação, ainda é ter alguém ao meu lado e amá-lo tanto que não teria motivos nenhuns para procurar outra pessoa, mas isso não existe pois não…ensine-me, mostre-me como são as coisas….

A minha resposta deixou-o meio tonto e sem palavras, não estava á espera da pura e simples verdade, e o meu último pedido até o fez corar.
- Marta, peço desculpa, já vi que a abalei com a pergunta e não era essa a minha intenção.
- Não faz mal, assim já sabe que veio tomar um martini de fim de tarde com a mulher mais tímida da cidade…- a minha primeira piada fê-lo sorrir e descontrair.

- Você não se enganou no número esta manhã, isso foi óbvio quando me perguntou se me podia conhecer, essa era a minha frase no anúncio. Pois também vou confessar uma coisa. Eu não era para lhe ligar de volta, estava farto de receber telefonemas de mulheres desesperadas á procura de um homem que lhes satisfizesse as necessidades, quando a minha ideia, era sair com alguém como você, pura e sem interesses básicos e superficiais.
- Agora quem pede desculpa sou eu, fiquei tão envergonhada…
- Não precisa ficar envergonhada ou pedir desculpa, eu estou adorar conhece-la.
Isto fez me sentir muito bem, continuamos a conversar e a conhecermo-nos, o tempo passou e a hora de dizer adeus também, mas eu não queria. Mesmo que não me liga-se no dia a seguir decidi que queria estar com ele naquela noite, e convidei-o para jantar em minha casa, o que ele aceitou sem pestanejar, o sentimento era mútuo.
Chegámos ao meu apartamento, ao qual ela adorou o pormenor da varanda coberta onde estava uma chaise longue em frente á vidraça onde se podia observar a rua estreita de calçada, enfeitada de potes cheios de flores e fetos, o lugar onde passava muitas tardes de domingo a ver a chuva cair ou a ler livros.
Preparei mais dois martinis, e fui para a cozinha ver o que se arranjava para dois estômagos cheios de borboletas do nervosismo. Não tive muito tempo para procurar fosse o que fosse, enquanto estava a abrir uma porta do armário senti uma respiração na minha nuca, parei…
Não me atrevi a olhar para trás, deixei que ele me leva-se. Tinha atado o cabelo e a parte de trás do meu pescoço estava nu, arrepiou-se com o beijo delicado que deu mesmo abaixo da nuca, a minha respiração suspendeu-se, e só voltei a respirar quando me disse ao ouvido, “respira”.
A mão dele dedilha desde a minha orelha ao meu ombro, e faz cair a alça da minha blusa, em consequência vislumbra-se um decote salientado pela roupa interior da cor da pele com bordados azuis bebé, a minha favorita. A blusa cai até á minha cintura e fica retida pelas minhas ancas salientes e bem feitas, agora são as costas o seu alvo, beija-as sempre com delicadeza e diz baixinho o quanto são macias e perfumadas, não me consigo mexer num misto de impaciência e medo, mas deixo-me ir pelas palavras e pela vós.
A minha cintura é agarrada e puxada para si pelas suas mãos fortes, sinto o que lhe provoquei e quero-o ter dentro de mim, mas sem pressa. Ponho as duas mão em cima da bancada e deixo que toque em cada centímetro de mim. Agora tocam a minha barriga trémula e acariciam os meus seios virgens mas despojados de pudor e quentes de prazer, descem sem vergonha e sem pedir licença, e estimulam-me num rodopio suave e constante, entrando e saindo dentro de mim, liberto e inspiro o ar come se fosse o ultima golfada que pudesse dar, o cabelo solta-se e cai sobre as costas outrora nuas.
De repente para e vira-me para si, olha-me nos olhos e sorri, vê finalmente em mim o que sou, uma mulher, que deixou de se sentir mal consigo e com o seu corpo e entregou-se, estava completamente despida dos sentimentos que até meia hora atrás a faziam esconder numa máscara.
Senta-me em cima da bancada e beija-me na boca com paixão, encosta-se em mim e sinto o membro a querer sentir-me, sem avisar afasta a minha roupa interior e faz-me sentir a sua língua quente explorar o meu sexo húmido, deixo cair a cabeça para trás com os cabelos soltos a tocarem a bancada onde estou a deliciar-me com aquela boca sedenta, ais que saem involuntariamente da minha, e suspiros e são cortados no ar a cada movimento feito…o meu peito sobe e desce e os seios doem de tão rijos que estão, sem conseguir aguentar mais, o peito sobe, retém-se durante uns segundos e o meu corpo treme descontroladamente, a minha face fica ao rubro e perco as forças, os meus braços cedem e descaio da bancada, mas dois braço agarram-me, levam-me para a varanda e deita-me sobre a chaise long.
Deitou-se a meu lado e acarinha-me, beija-me e continua a tocar a minha pele arrepiada, despe-se e fica nu a meu lado, sinto cada poro do seu corpo a colar-se ao meu, e depressa se põe dentro de mim, finalmente eu sinto-o entrar, devagar e quente, mexe-se com delicadeza mas intenso, ainda sinto os efeitos da experiencia anterior a fervilhar no meu corpo. Fala-me ao ouvido, diz o quanto sou bonita e sorri quando olha para mim…sinto-me naquele momento uma mulher diferente, e absorvo tudo que se está a passar, mas com uma intensidade tal que o meu companheiro consegue senti-la e conta-me como o sente, a vós é doce mas segura, sabe o que está a dizer, e descreve ao pormenor cada nervo do meu corpo que se excita ao tocar-me, sabe que estou prestes a explodir de novo e a deixar – me levar pelo turbilhão de palavras que me diz e me estimulam. Deixa-mos os dois de respirar e o tempo para, contorço o meu tronco e agarro a cintura dele, quero sentir tudo dentro de mim, sem qualquer restrição sem medo, e consigo, tenho-o por momentos só meu. O ar volta a entrar nos nossos pulmões, olho para ele, está surpreendido, mas feliz, sentiu-me finalmente ceder e entregar-me.
Descansa agora com a cabeça na minha barriga, olha para fora da vidraça e vê a chuva a cair, a minha pele vibra com o timbre da sua vós grave a dizer:
- Posso conhecer-te?
Ao que eu respondo:
- Muito prazer Ângela.
-Muito prazer Luís.





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