quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Um anjo nas sombras parte I

Estou a correr numa mata, quente e abafada, sei que fujo de algo mas não sei de o quê, olho em volta e não consigo distinguir nada, a vegetação densa mal me deixa ver colocar os pés, começa a chover as gotas são grossas e caem com força, fico completamente ensopada, a roupa que trago fica colada ao meu corpo dificultando os meus movimentos, e começo a sentir que estou a ficar mais lenta a correr, o esforço é demasiado e começo a querer desistir de fugir.
- Não, não posso parar agora.
Penso enquanto vou buscar mais energia dentro de mim, para tentar sair dali para fora, mas do que andaria eu a fugir, porque é que algo me impelia a correr pela minha segurança?
Corro mais uns metros, mas tropeço e caio no chão enlameado, quando me levanto reparo que apenas trago uma camisa de dormir vestida, e que todo o meu corpo se tornou visível á chuva.
- Mas afinal o que se passa, porque é que estou vestida assim? De o onde é que eu venho?
De repente alguns flashes vieram á minha cabeça, era como estivesse a ver um filme, mas aos retalhos, muito turvos e confusos. Via-me a mim própria deitada numa cama enorme, sonolenta, mas consciente, o quarto era enorme e frio, aprecia um daqueles quartos medievais, todos feitos em pedra, de repente uma porta abre deixando apenas passar um pouco de luz por breves momentos, ficando tudo novamente escuro ao aparecer uma sombra enorme. Não consegui ver a cara, estava muito escuro e a minha visão estava um bocado turva, aproximou-se de mim lentamente, os seus passos eram pesados e pausados, como se quisesse torturar-me ainda mais com aquele suspense.
A cada passo que dava a minha respiração era cada vez mais acelerada, mal me conseguia mexer, não conseguiria fugir daquela sombra mesmo que quisesse, ele poderia fazer comigo o que bem entendesse que eu não iria oferecer qualquer resistência.
Finalmente chega á minha beira e mesmo tão perto torna-se difícil ver quem é, cabelos negros cobrem o seu rosto, apenas consigo ver uns olho castanhos escondidos, parecem mais assustados do que eu, mas também curiosos e maliciosos. Uma brisa sopra de surpresa e chega até mim um cheiro a rosas que provem de uma jarra cheia delas que se encontra na minha cabeceira, as minhas flores favoritas, como é que ele sabia?
A brisa descobre mais um pouco o seu rosto, e vejo uma cicatriz que marca a sua sobrancelha, é enorme e desfigura-lhe o rosto, assusto-me e dou um grito que o assusta também e faz com que abandone o quarto correr deixando a porta aberta, vejo ai a minha hipótese de fuga.
Agora lembro-me, mas quem seria aquela criatura? Não queria saber, só queria fugir, e enquanto me erguia de novo e corria dali para fora, vinham-me perguntas á cabeça, como por quanto tempo estive eu longe do mundo? Será que alguém procura por mim? Como é que vim aqui parar? Estava completamente confusa, não estava a entender nada.
De repente oiço passos a correr na minha direcção, olho em volta mas nem sombra, os passos param e quando olho em frente, dou de caras com o homem sombra, acabo por desmaiar de cansaço já não tenho mais forças para fugir.

Quando volto a acordar, estou novamente no quarto, desta vês está quente alguém acendeu a lareira, estou seca e aconchegada, as rosas ainda estão lá, não sei porquê sinto-me bem, sem medo.

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