quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Um anjo nas sombras parte III

Levantei a mão suavemente, até chegar ao seu rosto, os meus olhos procuravam os dele, na ânsia de obter uma permissão para o tocar, como não reagiu continuei a minha demanda á procura de uma face que se esconde num véu negro. Toquei primeiro os seus cabelos, negros como a noite e suaves, o que me fascinava era a cicatriz e era para lá que os meus dedos se dirigiam até que a sua mão grande e forte me suspendeu, agarrando a minha com força, ai finalmente olhou nos meus olhos, eles não demonstravam qualquer sinal de violência, mas sim de medo e de duvida, era como se me pergunta-se o que estava a fazer, e para o não magoar. Não sei me magoou, pois não senti nada, estava completamente enfeitiçada pelos seus magníficos olhos castanhos, enormes e expressivos, transparentes como a sua alma, neles qualquer pessoa conseguia desbravar o seu ser, dai escondê-los atrás dos seus cabelos, penso que cicatriz não era a única coisa que queria esconder e entendi naquele momento porquê, e disse-lhe:
-Não o vou magoar de maneira nenhuma, deixe-me vê-lo, permita-me que olhe de frente o homem que me salvou e o veja, em essa sombra negra que o envolve.
Aos poucos senti que relaxava a mão soltando a minha, que de novo se estava livre para explorar aquele rosto que me atraía e perturbava ao mesmo tempo. Finalmente toquei-lhe a face, estava quente por causa do fogo, aproximei ainda mais o meu corpo ao dele, até sentir que nos tocávamos por completo. Passei a mão pela cicatriz, senti a pele á sua volta, fina e delicada, comecei a pensar qual seria a sua história, mas não queria estragar o momento com palavras banais, começava na fonte, passava pela sobrancelha grossa e espessa, marcando até ao maxilar apenas num dos lados, por pouco não atingindo o olho. Depois pousei a mão na sua testa e acariciei toda a sua face puxando o cabelo para trás e deixando de nu toda uma face, marcada por um infortúnio do destino, era grande a sua marca, sim, mas existia uma enorme beleza naquele homem, que cada vês me fascinava mais e me atraia. Levantou mais o rosto e agora estávamos cara a cara, qual bela e qual monstro.
Era como se tivesse perdido toda a vergonha, e deixou finalmente que o visse, baixou a guarda e permitiu que entrasse na sua alma, a sua face iluminou-se e deixou de ser aquela sombra que me perseguia, para se transformar no meu anjo da guarda, aquele que me salvou de uma morte certa, e por isso estava-lhe eternamente grata.
E num gesto quase a medo, passou o braço forte pela minha cintura, puxando-me mais ainda para si, agora conseguia sentir a sua respiração, deixei-me levar, sentia-me bem se segura, queria mais. Os seus lábios aproximaram-se dos meus, quentes e havidos para me beijar, o sei beijo era ardente e ao mesmo tempo meigo. Pegou-me ao colo e dirigiu-se para a cama, deitando-me suavemente sobre os lençóis, ficou por instantes a observar-me e depois deitou-se ao meu lado, os seu beijos eram cada vez mais possessivos e isso agradava-me, pois subia dentro de mim um enorme desejo de ser possuída por ele, de o sentir dentro de mim, e ai sim estaria a entregar-se por completo.
Embora as suas mãos fossem grandes e rudes, o seu toque eras delicado, e tirou-me a roupa tão suavemente que quando dei por mim estava completamente despida e vulnerável á sua frente, entregando-me também. Ao despir-se reparei que as cicatrizes não ficavam pelo rosto o seu peito também estava marcado, passei os dedos por cada marca por cada ferida que tinha no seu tronco nu, num gesto desesperado de apaziguar a dor que possam ter causado, mais uma vez pegou na minha mão, mas desta vês para a beijar, estava agradecido por estar ali com ele, sem medo, sem julgamentos.

As suas carícias sobre a minha pele pareciam pétalas de rosas, deixavam-me extasiada e cada vez com mais desejo de o ter, de ser possuída por aquele homem que se esconde nas sombras. Como se estivesse a ler os meus pensamentos, colocou o seu corpo sobre o meu, deixando que eu sentisse toda a sua vontade de me penetrar, entrou sem aviso mas com delicadeza, um suspiro mudo saiu da minha boca, era como se tivesse ficado sem ar, queria parar o tempo e saborear aquele momento eternamente, agarrou-me nas mão e colocou-as atrás da minha cabeça, levantei a perna para o poder sentir ainda mais dentro de, e como o sentia, num vai e vem de prazer e luxúria, eu não queria parar, só queria mantê-lo ali quente e húmido, nunca até então tinha sentido algo assim, os meus seios pediam que o seu peito marcado se juntassem a eles, e partilhassem o mesmo calor, calor que saia do meu corpo em chamas, o meu ventre tremia de prazer absoluto a cada movimento do seu membro dentro de mim. A sua boca percorreu cada centímetro do meu peito desnudado, deixando um rasto de saliva quente elevando ainda mais a minha euforia. Encostou o seu corpo junto ao meu sem perder o ritmo dos movimentos, olhou-me nos olhos, e como o coração aos pulos, o êxtase chegou, fechei os olhos, e apercebi-me de que era ali que queria estar, com aquele homem, que nem o nome eu sabia. Na verdade nem o meu nome eu sabia, nem queria saber, o que importava era que tinha encontrado algo que nunca tinha sentido antes, e queria que ficasse comigo para sempre.
Depois de passar a euforia, disse-lhe quais eram as minhas intenções, ao que ele não se opôs, e decidimos que nunca iríamos procurar saber quem eu era, e viver o que tínhamos. Disse-me uma coisa que não vou esquecer, disse que, muitas vezes durante um orgasmo as pessoas têm revelações, que nessa altura o cérebro deixa de racionalizar a informação e mostra realmente aos nossos olhos o que sentimos, mesmo que tentemos contrariar é nos impossível, por isso ia-me deixar viver com ele aquela paixão, e que se algum dia a sua revelação fosse a de que teria de partir, não a prenderia, era porque tinha encontrado o seu caminho.
Se foi revelação ou não, não sei, o que sei é que até agora tenho vivido os momentos maravilhosos, ao lado do meu anjo, que deixou de se esconder nas sombras. O seu nome é Gabriel.


Por: Angélica Gomes.

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