quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Na terra do nunca.


Eu sempre soube que vivia num mundo á parte, á parte de toda a existência á minha volta.
Hoje estava a ver um filme que comprei á já algum tempo, e que só agora me apeteceu ver, “Na terra do nunca”.
Toda a gente conhece a história do rapaz que não queria crescer dos seus companheiros e das suas aventuras, e assim como a terra do nunca também existem outros sítios mágicos, como a pais das maravilhas da nossa querida Alice, aquela que quando éramos crianças nos levou a conhecer um mundo irreal, e que tal como eu só ela o via, só ela sabia que existia e com lá chegar, e Ana dos cabelos ruivos, que quando queria fugir a mundo que parecia rejeitá-la, imaginava ser uma dama, bela e altiva que todos admiravam tudo, isso é bonito até crescermos e deixar-mos de acreditar…eu continuo a acreditar, e recuso-me a crescer.
Recuso-me a matar dentro de mim as fadas que tantas vezes me ajudaram e me tiraram de aflições, recuso-me a fazer desaparecer um mundo de magia que sempre me abrigou quando o medo e a vergonha assombravam-me, e apagar a imagem do príncipe que me vinha salvar, quando a esperança começava a desaparecer do meu coração.
Porque é que temos de nos esquecer de algo que foi tão importante na nossa vida, porque é que temos de deixar para trás uma terra onde a magia, o amor, a amizade e a crença, são tudo, e não sentimos falta de mais nada.
Tal como era criança, sou capaz de ficar horas a olhar para o vazio, como se costuma dizer, mas o vazio apenas esta aos olhos dos outros. Se olhassem com atenção para os meus olhos viriam que estão cheios de vida, e que passam diante deles imagens, imagens tão reais e verdadeiras que os meus sentidos chegam a tocá-las, a senti-las. E é ai que tudo começa, é ai que eles vivem e vêm chamar por mim. Saem por detrás das árvores e arbustos, miram-me com os seus grandes olhos, brilhantes e cheios de vida, querem me mostrar o seu mundo, e eu deixo-me levar pelas suas gargalhadas infantis, e tal como a Alice no pais das maravilhas, sigo o meu coelho branco, para onde me leva não sei, mas pouco importa se estou num lugar onde a magia pode acontecer, onde se pode viver o que se quer sem regras nem limites, e o meu coração é como humpty dumpty, um ovo que passeia pelo muro, e embora saiba que pode cair e partir-se por ser frágil, defende com garras as suas convicções. Tal como a Ana, quando me sinto rejeitada ou só, torno-me numa mulher mais altiva e dona de mim e consigo encarar cada problema com mais sabedoria e facilidade, e que as minhas lágrimas podem se tornar verdadeiros diamantes a brilhar sob os finos raios de sol.
E sei se deixar de acreditar que a magia existe, o meu mundo vai ao fundo, num oceano vazio e escuro, desprovido de amor, de alegria e felicidade.
São coisas que me enchem a alma, que me mantêm viva num mundo onde crescer é perder A terra do nunca, o Pais das maravilhas e os sonhos da Ana dos cabelos ruivos.
E sim, eu acredito…
Por: Angélica Gomes

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