segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Suave como cetim


Numa tarde melancólica de domingo, resolvi sair de casa e dar uma volta.
Vesti um vestido de cetim azul, simples mas sedutor, sentia-me bem com aquela roupa, parecia a minha segunda pele, macia e suave. Enquanto caminhava pela rua, o vento suave que se fazia sentir, colava-me á minha segunda pele, fazendo com todas as minhas curvas ficassem definidas, e eu sentia-me cada vez mais sensual e sem notar comecei a ser o alvo das atenções pela rua, afinal uma tarde de domingo não teria de ser tão aborrecida.
Entrei num café para tomar qualquer coisa, estava cheio de gente, e um pouco barulhento, mas decidi ficar por ali mesmo. Havia uma mesa livre num canto recatado, onde só existiam duas mesas e uma delas era para mim. Sentei-me e o empregado veio tirar o meu pedido, pedi um chocolate quente, ao que ele estranhou visto estranhos no verão, mas não dei importância ao que aquele pedido poderia despertar.
Tirei do meu saco um livro que andava a ler, pensando que poderia me abster do barulho á minha volta e ler tranquilamente mais um capitulo, quando ouvi uma voz.
- A melhor das combinações é o chocolate e o cetim.
Levantei a cabeça para ver quem me dirigia a palavra, não vi ninguém.
- Não acha?
Virei-me para tras e lá estava ele, o senhor que ocupava a segunda mesa, olhava para mim e sorria suavemente.
-Peço desculpa mas conheço-o?
- Penso que não, mas isso não será nenhum entrave para o que poderá vir a acontecer.
Comecei a ficar nervosa, mas não desconfortável, aquele sorriso não revelava quais eram as intenções dele, e esse mistério começou a cativar-me, então sem saber porque decidi entrar no jogo dele.
- Penso que não. – respondi.
- Diga-me uma coisa porquê chocolate quente no verão?
- Já experimentou comer um gelado de inverno, a sensação e o prazer são muito mais intensos, é quase como um fruto proibido, sabe sempre melhor.
- Vejo que sabe do que está a falar.
- Assim como vejo que percebe de combinações. Sim o cetim e o chocolate são a combinação perfeita. O cetim sobre o corpo é como uma segunda pele, suave e sedutor, faz-nos sentir nuas, o chocolate é o reconforto interno.
- Reconforto interno?
- Sim, primeiro vem a visão de um liquido denso, escuro com uma aroma envolvente, depois o paladar, um sabor intenso, aveludado, que se dissolve na língua e escorrega pela garganta, invadindo o nosso interior, proporcionando momentos de verdadeiro e sublime prazer, um prazer que só nos pertence a nós, já que é possível não exteriorizar qualquer emoção, e podemos guardar esse clímax só para nós, é egoísta eu sei, mas não consigo resistir.
Ele ficou a olhar para mim, sem saber o que dizer, nem precisava, via-se nos seus olhos que gostaria de me provocar o mesmo prazer que o cetim e o chocolate me provocavam, e eu não me queria fazer de rogada. Falar assim deixou-me á vontade para fazer o que me agradasse mais, sem olhar para trás.
Enquanto beberricava o meu delicioso chocolate, caiu uma gota para o meu colo, o que chamou a atenção, olhei-o, e sem mais palavras dirigi-me á casa de banho, em frente ao espelho tentava limpar o chocolate, quando ele entra e tranca a porta atrás de si. Aproxima-se de mim e limpa o meu colo com a língua, quente e molhada. Agarra-me pela cintura e aperta-a, sobe suavemente o vestido de cetim, quase como uma carícia, para sentir o seu toque, involuntariamente as minhas ancas encaixam-se nas dele, e sinto todo o prazer e luxúria que me quer oferecer, e deixo deslumbrada que entre dentro de mim, como um prazeiroso momento achocolatado, só que sem poder controlar a emoção que me provoca espelho no meu rosto todas as sensações do momento.
E nesse vai e vem que mexe com todos os sentidos que existem no nosso corpo, aproxima-se o culminar de uma desconcertante aventura sensorial, que acaba envolvida em cetim com o doce sabor a chocolate.




Por: Angélica Gomes.

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